Design System

Como medir o impacto real de um Design System

De métricas de consistência a histórias de negócio, entenda como transformar design em investimento estratégico.

Publicado em

21 de agosto de 2025

21 de agosto de 2025

Nos últimos anos, o termo Design System deixou de ser apenas uma pauta técnica para se tornar parte das conversas estratégicas dentro das empresas. O motivo é simples: quando bem implementado, ele deixa de ser uma biblioteca de botões e cores para se tornar uma infraestrutura essencial, capaz de gerar eficiência, consistência e vantagem competitiva.

No entanto, surge uma questão recorrente: como provar que esse investimento traz retorno? É nesse ponto que entra a discussão sobre ROI e métricas. Entender e comunicar o impacto de um Design System em termos de negócio é o que garante que ele seja percebido não como custo, mas como ativo estratégico.

Quando design entra na linguagem do negócio

Tradicionalmente, design foi visto como algo difícil de mensurar. Enquanto áreas como vendas e operações trabalham com números claros, design muitas vezes ficou restrito a percepções qualitativas. Mas a realidade mudou: com a digitalização dos negócios, a experiência de uso se tornou central, e medir o impacto do design passou a ser tão importante quanto acompanhar qualquer outro indicador chave da empresa.

Nesse cenário, o Design System ganha protagonismo. Ele organiza a base da experiência digital e cria uma linguagem comum entre design, tecnologia e produto. O desafio está em não parar na implementação técnica: é preciso mostrar como essa estrutura se traduz em eficiência operacional, redução de custos, engajamento de clientes e receita.

Os ganhos invisíveis que viram vantagem competitiva

Um Design System bem estruturado oferece benefícios que vão além da estética.

  • Reduz retrabalho ao evitar que diferentes times redesenhem o mesmo componente várias vezes.

  • Acelera o time-to-market, já que novas features podem ser construídas a partir de uma base sólida e reutilizável.

  • Times que trabalham com processos claros e padronizados têm menos frustração e mais energia para inovar. Isso influencia na satisfação das equipes e até na retenção de talentos.

Ao organizar não apenas telas, mas também pessoas e processos, o Design System se consolida como uma peça cultural que viabiliza um trabalho mais ágil e consciente.

O que Airbnb, IBM e Nubank descobriram:

Nos últimos anos, empresas de diferentes setores têm mostrado como medir esse impacto de forma clara. O Airbnb, por exemplo, tornou-se um dos cases mais citados. Com o seu Design Language System (DLS), a empresa conseguiu reduzir em 75% o tempo de construção de novas páginas e chegou a criar 50 telas em poucas horas. Esse ganho de velocidade não veio sozinho: inconsistências visuais caíram drasticamente, bugs diminuíram e os times passaram a colaborar com muito mais fluidez, já que todos trabalhavam em torno da mesma fonte de verdade.

O resultado foi direto: mais eficiência interna e uma experiência de usuário consistente, que reforça a identidade da marca em cada interação.

E não é só o Airbnb. O Shopify mede o sucesso olhando para a taxa de adoção de seus componentes, garantindo que diferentes equipes ao redor do mundo falem a mesma língua de design. Já o Nubank coloca o Design System como peça central da sua capacidade de lançar novos produtos em escala para milhões de clientes sem abrir mão da consistência.

Traduzindo impacto: como começar?

A primeira etapa é simples: medir o que já existe. Quanto tempo sua equipe leva para lançar uma nova funcionalidade? Quantas inconsistências precisam ser corrigidas a cada sprint? Qual o volume de retrabalho em design e desenvolvimento?

Esses números, ainda que básicos, criam a linha de base para demonstrar evolução. Ao comparar antes e depois da adoção do Design System, já é possível contar histórias que traduzem eficiência em impacto real.

Outra aplicação prática é conectar essas métricas a indicadores de negócio. Se o time ganhou duas semanas em velocidade de entrega, isso significa mais tempo para lançar novas funcionalidades que impactam a experiência do cliente. Se inconsistências caíram em 40%, isso pode se traduzir em menos chamadas de suporte e maior satisfação do usuário.

O ponto central é: um Design System só é percebido como estratégico quando os números são apresentados como parte da narrativa de valor da empresa.

E se você tivesse que defender seu Design System amanhã?

O Design System não deve ser apenas uma ferramenta interna, mas uma iniciativa constantemente traduzida em resultados tangíveis. Relatórios periódicos, cases internos e até comparativos financeiros ajudam a mostrar evolução e engajar a liderança no investimento contínuo.

Mais do que medir, o próximo passo é construir narrativas. Métricas isoladas podem até impressionar, mas é ao conectá-las com histórias de negócio que elas ganham peso real.

Se amanhã você tivesse que defender seu Design System diante da liderança, teria dados e histórias suficientes para provar que ele é um ativo essencial para o futuro da sua empresa?

Fontes:

https://www.irjet.net/archives/V11/i5/IRJET-V11I5240.pdf

https://www.figma.com/pt-br/customers/nubank-design-system-accessible-experiences-with-figma/

https://www.shopify.com/sg/partners/blog/design-system